Políticas Sociais | 07/03/2021
Como o Machismo ajuda a perpetuar o Racismo contra a mulher negra no Brasil
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A campanha da Coordenadoria de Igualdade Racial do Paulista traz uma reflexão para a mudança desse cenário
O dia das Mulheres nos traz a oportunidade de refletir mais profundamente sobre a necessidade de igualdade de direitos entre mulheres e homens. E como o machismo, alinhado ao racismo, retarda ainda mais essas garantias, principalmente quando falamos de mulheres negras.
O Atlas da Violência 2020, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), aponta que 68% das mulheres assassinadas no Brasil eram negras. Além disso, mulheres negras são as que mais sofrem violência doméstica, as que mais denunciam os agressores e as maiores vítimas de feminicídio.
A situação da mulher negra no mercado de trabalho é parte do cenário que perpetua o ciclo de pobreza e violência. A taxa de desemprego entre mulheres negras é de 17%, maior do que entre as mulheres brancas (11%) e o dobro da verificada entre homens brancos (8%). Os dados são de levantamento feito com base na média dos últimos quatro trimestres da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O que a frieza dos números nos mostra é que temos um caminho longo para mudar esse quadro. Mesmo com o aumento do debate sobre o tema, com diversas ações realizadas pela sociedade civil, juntamente com o poder público, os contextos sociais, econômicos e culturais influenciam diretamente a vida e a morte de cada uma dessas mulheres negras em nosso país.
A campanha "Racismo é Crime. Denuncie!" - encabeçada pela Secretaria de Políticas Sociais e Direitos Humanos do Paulista, por meio da Coordenadoria de Igualdade Racial - busca empoderar e encorajar vítimas de crimes raciais a denunciarem seus algozes. A campanha defende a criação do diálogo como forma de empoderamento das mulheres negras e a construção de políticas públicas junto às demais secretarias do município, promovendo uma reflexão dos possíveis agressores.
A ação foi lançada no dia 1º de março e todas as segundas-feiras serão publicados nas redes sociais da Prefeitura conteúdos com informações, dados e reflexões sobre racismo. Será exposto como ele se apresenta em nosso cotidiano, quais são suas consequências, qual o gênero mais afetado pelo racismo e como combater termos e vocabulário racistas, para traduzir de maneira elucidativa as consequências danosas desses crimes em nosso país.
Entenda a diferença entre Homicídio e Feminicídio
No contexto do debate em questão, é importante trazer a diferença entre os conceitos de homicídio e feminicídio. Homicídio é um conceito mais amplo e consiste em um assassinato, seja ele por qualquer motivo e praticado por e contra qualquer pessoa, de qualquer gênero.
Feminicídio, por sua vez, é um tipo específico de homicídio. É aquele praticado contra a mulher, pelo simples fato de ser mulher. No feminicídio, portanto, a mulher é assassinada por causa de sua condição de mulher. É um crime discriminatório, que pode envolver misoginia ou discriminação de gênero. É muito comum que esse delito seja praticado em situações de violência doméstica e envolvendo relacionamentos afetivos.
De acordo com o Atlas da Violência 2020, uma mulher é assassinada a cada duas horas no Brasil — foram 4.519 mulheres assassinadas em 2018, um índice de 4,3 a cada 100 mil mulheres que moram no país. O comparativo entre 2008 e 2018 expõe ainda mais a desigualdade racial da estatística: neste intervalo de uma década, os homicídios de mulheres negras aumentaram 12,4%, enquanto os homicídios entre mulheres brancas caíram 11,7%.
A quem as vítimas de racismo devem procurar
Disque Racismo 100
Polícia 190
Central de Denúncia Cidadã Pernambucana
0800.281.81.87
Coordenação de Igualdade Racial do Município do Paulista – igualdaderacial.social.paulista@gmail.com
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