Por Priscila Silva
Entre aromas, sabores e cantos sagrados, o Terreiro de Axé Talabi, patrimônio vivo de Pernambuco, foi palco do Festival Gastronômico “Encantaria dos Sabores Afroindígenas: Mesa Sagrada da Jurema”. O evento, realizado neste sábado (20), destacou o protagonismo feminino na tradição da Jurema e reuniu a comunidade, mestres e mestras para celebrar a ancestralidade por meio da comida. Com entrada gratuita, a iniciativa contou com o apoio da Secretaria de Cultura e Turismo do Paulista.
Em meio às oferendas e partilhas, quem conduziu parte da vivência foi Rosemary de Sousa, conhecida como Yabassé, responsável pelas comidas sagradas. Ela ressaltou a importância dos alimentos, que “não são apenas rituais, são pontes vivas entre os mundos. O beiju, o peixe, o inhame, o coco, o azeite e as frutas não apenas alimentam os corpos, mas também os espíritos”, explicou.
Outro destaque da mesa foram as frutas, que representam os caboclos, os mestres e os malunguinhos: “Os malungos também são oferecidos com as frutas: banana, goiaba, manga, melancia, abacaxi... qualquer fruta. Onde é feita a salada de frutas e os doces que são oferecidos aos caboclos”, ressaltou Yabassé.
De acordo com Pai Júnior, o festival teve também um caráter formativo, reforçando a força das mulheres dentro da tradição da Jurema. “Ontem, tivemos um momento marcante, em que as juremeiras antigas se juntaram para refletir sobre a importância do papel da mulher dentro da tradição. Hoje, seguimos celebrando o alimento sagrado, que é o elo entre o sagrado e o povo. O mesmo peixe que oferecemos aos encantados também partilhamos com a comunidade. É um processo ritual, mas também de segurança alimentar. Isso reafirma a força das mulheres como guardiãs da vida e da ancestralidade”, afirmou.
O festival reforçou a importância da diversidade dentro das tradições, valorizando o modo como diferentes casas preparam e consagram seus alimentos, com destaque para a centralidade da mulher na preservação dos saberes da Jurema.